A preocupação psicanalítica acerca do tratamento com abrangência social é expressa por S. Freud nos anos de 1918, quando declara que o acesso à saúde mental deve ser tão difundido quanto o acesso a tratamentos de saúde convencionais.
Nos anos 20 do século XX, a psicanálise expressava sua preocupação social por meio da abertura das policlínicas e o ambulatorium em Viena, refletindo o posicionamento político e a preocupação social-democrata dos diversos psicanalistas em relação a prática realizada.
O acesso à análise não era determinado pela condição socioeconômica do candidato, mas por seu diagnóstico, tampouco o atendimento social era condição e obrigação apenas de analistas iniciantes.
O atendimento social na contemporaneidade deve, portanto, preservar os princípios de acesso à saúde mental para a população, idependentemente de sua capacidade econômica, tal qual M. Eitingon (1925) pontua "Não podemos dizer que o fato que os pacientes paguem ou não, tenha influência no curso da análise".
É claro que além do exposto, deve-se levar em conta as condições do analista, custos com a manutenção do consultório, aprimoramento pessoal, análise pessoal e custos de sua vida particular, não sendo a prática psicanalítica uma atividade isenta de remuneração.
Para os psicólogos de orientação psicanalítica, devem ainda, atentarem-se às normas e resoluções do Conselho Federal de Psicologia acerca do atendimento social, não fazendo deste uma maneira de cooptar pacientes e difundir preços reduzidos numa lógica mercadológica.
A análise pessoal por outra via, se revela importante fator para o analista disposto a realizar atendimentos sociais, para que aspectos do narcisismo individual não influam e/ou prejudiquem o curso da análise.
DANTO, Elizabeth Ann. As clínicas públicas de Freud: psicanálise e justiça social. Editora Perspectiva SA, 2020.